
Um modelo de laboratório clínico a preservar
[A bastonária esteve
acompanhada pelo presidente da Secção Regional do Norte, Franklim Marques, e
pelo presidente do Conselho do Colégio de Especialidade de Análises Clínicas e
de Genética Humana, Rui Pinto]
"A população, os médicos, os
decisores políticos, os autarcas. Todos devem conhecer este excelente exemplo
de um laboratório clínico no interior do País, moderno e altamente equipado,
que disponibiliza aos habitantes da região um serviço de qualidade e
proximidade”. Foi deste modo que os dirigentes da OF descreveram a visita
realizada a um dos mais antigos laboratórios de análises clínicas do País.
A marca Fernanda Galo
Laboratórios é uma "instituição” na região de Tomar. Fundado em 1956 pela
farmacêutica que lhe deu o nome, é hoje dirigido por Conceição Faustino, também
ela farmacêutica, especialista em Análises Clínicas desde 1992.
Desde que assumiu a propriedade
do laboratório, já lá vão mais 20 anos, Conceição Faustino apostou fortemente
na sua expansão e modernização. Alargou a atividade nos distritos de Lisboa,
Santarém e Castelo Branco, contando agora com mais de 30 unidades de colheita
que aproximam os doentes dos meios complementares de diagnóstico. Diariamente,
são atendidos e processadas neste laboratório requisições para exames
laboratoriais de mais de duas centenas de utentes.
Este investimento está, contudo,
agora ameaçado por sucessivas medidas administrativas que têm vindo a penalizar
a atividade destes pequenos e médios laboratórios independentes. Durante mais
de 40 anos, estas unidades garantiram aos portugueses o acesso e a
proximidade aos exames laboratoriais, principalmente às populações mais
isoladas, numa sã convivência entre o setor público e a iniciativa privada,
enquadrada por um regime de convenções que determina o preço e as condições
para prestação deste serviço em regime de complementaridade com o Serviço
Nacional de Saúde (SNS), consagrado, aliás, na Lei de Bases da Saúde.
Tanto a nível local, como a nível
nacional são tomadas decisões que requerem uma avaliação técnica, científica,
clínica e até económica, dado o seu impacto para os portugueses, para a
organização do sistema de saúde e na distribuição geográfica de recursos pelo
País.
Algumas unidades de saúde
públicas estabelecem a obrigatoriedade dos seus doentes efetuarem as suas
análises clínicas internamente, colocando em causa o principio da liberdade de
escolha, tão apregoado em outros domínios da Saúde. O laboratório Fernanda Galo
vive diariamente esta realidade, face à postura assumida pela Unidade Local de
Saúde de Castelo Branco, esperando que o mesmo não se verifique no Centro
Hospitalar do Médio Tejo, que abrange os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres
Novas.
Enquanto apresentava as
instalações do laboratório central, a diretora técnica manifestava também
preocupações com a aplicação das portarias relativas ao licenciamento destas
unidades de saúde, sob a esfera de intervenção da Entidade Reguladora da Saúde
(ERS). Rui Pinto, presidente do Colégio de Especialidade, assegurava que o
laboratório preenche todos os requisitos de qualidade, estando muito acima dos
requisitos definidos pelo diploma. "Este laboratório é um orgulho para as
pessoas de Tomar”, insistiu, realçando que as exigências da portaria devem ser
aplicadas transversalmente a todas as unidades, públicas, privadas e do setor
social.
A bastonária destacou também o
valor que estas unidades de saúde representam para as regiões do interior, pela
sua capacidade de atrair investimento, de construir e edificar novas
infraestruturas, de promover emprego qualificado e de prestar um serviço de
utilidade pública para o País, que a responsável do laboratório exemplificou com
os serviços ao domicílio prestados a doentes acamados. "O tecido empresarial
local tem de ser fortemente acarinhado pelas autarquias. O País precisa de mais
exemplos como este e o combate à desertificação ou a descentralização de
serviços passam por um apoio objetivo a projetos desta natureza”, disse a
bastonária.
Os dirigentes da OF asseguraram o
compromisso da instituição com a defesa de um modelo para o setor das Análises
Clínicas assente na proximidade e na qualidade dos serviços prestados aos doentes,
bem como um acompanhamento atento de fenómenos como a internalização dos exames
nas unidades públicas, de encerramentos de unidades, aquisições, fusões ou
despedimentos e de todas as medidas que possam condicionar o acesso dos
portugueses a um serviço de qualidade, segurança e proximidade a que sempre
foram habituados.
No próximo ano, a OF irá realizar
um estudo para avaliar as implicações da internalização das análises clínicas
nos hospitais e laboratórios do SNS. O trabalho será realizado por uma entidade
independente, abarcando a qualidade e satisfação com o serviço, a sua
eficiência e capacidade de resposta e o seu impacto económico a nível nacional
e regional, seja na perspetiva da criação de emprego ou da descentralização e
proximidade de serviços.
























































Um modelo de laboratório clínico a preservar
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